O Mito de Atalanta – A Mulher Difícil

atalanta e hipomenes

O mito de Atalanta consegue descrever o que vem acontecendo muito nos dias de hoje quanto ao comportamento das mulheres na vida pessoal e afetiva, algo que me deparo muito nas consultas de tarô. A dita “mulher difícil” está se tornando não mais uma escolha de conduta, nem mesmo reflexo de ensinamentos familiares, mas uma adaptação inconsciente devido às necessidades que o cotidiano vem exigindo, além de ser uma maneira de procurar “filtrar” os candidatos a parceiros amorosos. Cerca de 30% das mulheres para quem faço consulta de tarô possuem esse perfil. E não se enganem que seja fácil reconhecer-se nesse arquétipo, pois até mesmo há homens que vivem suas vidas pessoais dessa maneira, além de procurarem em consulta qual a melhor maneira de saber lidar com a amada quando ela tem esse perfil. Tanto no tarô quanto no baralho cigano há cartas que identificam tal coduta.

Atalanta era uma donzela que foi renegada pelo pai, o rei Íaso de Arcádia, ainda recém-nascida, pois o mesmo queria ter tido um filho homem. Foi abandonada na floresta e à mercê da própria sorte, a deusa Ártemis quis protegê-la enviando uma ursa para alimentar aquele bebê e depois foi ser criada por caçadores. Cresceu como uma bela donzela, mesmo que suas feições não fossem tão femininas. Citar que Atalanta não tinha feições tão “femininas” faz-se pensar que a mesma cresceu entre homens e que nunca fora educada a cuidar de sua aparência como as outras mulheres, reforçando a ideia de que fora uma mulher criada a agir como um homem.

O primeiro grande feito de Atalanta foi superar os grandes caçadores daquela época. Procurando o reconhecimento paterno, se candidatou a caçar um javali que estava destruindo várias plantações e foi motivo de deboche entre os homens por tamanha petulância. Durante a caçada, depois de todos os homens tetarem em vão ferir o animal, Atalanta foi a única que acertou a única flecha que atirou, deixando o animal ferido. Meleagro, apaixonado por Atalanta, quis reconhecer o feito da donzela e ofereceu a cabeça e a pele do animal a ela, despertando a inveja e a ira dos demais. Neste momento do mito, Atalanta consegue não só o reconhecimento de seu pai, mas também consegue se equiparar aos homens.

Como o rei não podia ter uma filha solteira, determinou que Atalanta se casasse, mas a donzela tinha recebido uma profecia de que sua ruína seria quando fosse desposada, portanto ela determina que só se casaria com uma condição: que o pretendente disputasse uma corrida com ela. Caso o candidato a vencesse, tomaria sua mão em casamento, caso contrário ela o mataria. O rei aceitou e a notícia logo se espalhou. Atalanta tinha um corpo muito bonito e muitos homens perderam suas vidas procurando vencê-la. Atalanta sempre se garantiu que corresse mais rápido que qualquer homem, sendo comparada aos deuses Hermes e Íris. Nesta parte, podemos entender que Atalanta já era uma mulher fechada para o amor e muito mais preocupada com as suas façanhas e conquistas, não aceitando seguir as regras do patriarcado, mascarando através de um desafio para ir eliminando um a um de seus pretendentes. Traduzindo essa astúcia, poderíamos dizer que Atalanta não escolhe o Amor, ela prefere desafiá-lo para que a alcance, fazendo questão de correr cada vez mais rápido para nunca ser vencida. “Por que você não escolhe alguém que seja um bom homem, Atalanta?”, poderia ser uma pergunta pertinente, a qual imaginaríamos como resposta “Porque ele terá que provar que é melhor do que eu!”. Te lembra alguém?

Até que…

Hipômenes, o árbitro de todas as corridas de Atalanta, cai por encanto ao vê-la nua e compreendeu naquele momento o porquê dos homens cobiçarem tanto aquela donzela, arriscando a própria vida. Ele suplicou para Afrodite uma ajuda, a fim de conseguir vencer Atalanta e não perder. A deusa o ouviu e lhe enviou três maçãs douradas e lhe instruiu que as jogasse ao chão durante a corrida para atrasar Atalanta. Tomando coragem, o belo jovem desafiou a donzela, a qual ficou surpresa que aquele rapaz tivesse tal coragem, pois o mesmo havia visto dezenas de homens serem mortos por ela. Alguns autores citam que Atalanta já teria se afeiçoado à Hipômenes, não querendo disputar corrida com o mesmo e até desejando que ele a vencesse, temendo que tão belo moço perdesse a vida em suas mãos. Conforme orientação de Afrodite, Hipômenes jogou separadamente as três maçãs durante a corrida, fazendo com que Atalanta se distraísse com elas e ficasse para trás.

Sinto muito, o final dessa história não termina com um “… e foram felizes para sempre”. Hipômenes, de tão feliz pelo que tinha conseguido, esqueceu de render homenagens à Afrodite, despertando o desejo de vingança da deusa. Ela induziu os dois apaixonados a macularem o templo de Cibele (Réia) e ambos foram transformados em leões (Atalanta em leoa, nesse caso), e ambos guiam a carruagem dessa deusa.

Entendemos que a Mulher Difícil cria vários mecanismos para afastar o Amor de sua vida, e muitas vezes ela mesma se coloca em papel de vítima dizendo que não surge ninguém à altura para conquistar seu coração. Uma mulher que se compara à Atalanta cria defesas praticamente impenetráveis, mesmo que ela se sinta atraída por alguém. Ocorre que sempre vai surgir alguém malandro, alguém disposto a persuadir a Mulher Difícil, distraí-la com algo diferente para que ela não fique focada nesses mecanismos tão habituados.

Atalanta não queria ser uma mulher como todas as outras, por isso não quis admitir seus sentimentos por Hipômenes. Mantendo o orgulho, quis dar continuidade em sua prova, mesmo que terminasse com a morte de quem lhe atraía tanto. Quantas mulheres não terminam jogos de conquistas antes mesmo de acontecer algo mais profundo com um homem só pelo receio de se entregar? “Eu prefiro dar um corte nele agora porque eu sei que ele só quer me conquistar como um troféu”, ou “Eu sei que sou bem diferente de todas as outras mulheres que ele seduziu, e antes mesmo dele me dar o fora eu darei o fora nele!”, são pensamentos corriqueiros das Mulheres Difíceis.

As Mulheres Difíceis não se colocam propensas a conquistar a pessoa amada, querem sempre ser as pessoas conquistadas, mas na base de muito esforço, ocorrendo a desistência. São mulheres que gostam de controlar as relações, até mesmo não aceitam quando são acusadas de serem manipuladoras, porque evitam a todo custo demonstrarem verdadeiramente seus sentimentos e a estarem entregues à pessoa amada. Principalmente, são mulheres dedicadas ao trabalho, aos estudos, a exercer cargos de liderança e de responsabilidade, não admitindo distrações amorosas que as fazem serem mais sensíveis e menos duronas.

Gosto de pensar que não adianta correr (literalmente) do Amor. Você pode criar provas difíceis para os outros ultrapassarem, pode criar conceitos e crenças cujo intuito é de impedir de se magoar, mas se você está viva, por que quer evitar? É importante desvincular o conceito de estar enamorado por alguém ser o mesmo que estar vulnerável e frágil. Ninguém perde por dar amor, perde-se tempo procurando evitá-lo.

E você já percebeu seus mecanismos semelhantes a este mito? Consegue se identificar com esta história? Conte-me sua história, eu posso traduzi-la seja através da consulta de tarô ou do baralho cigano (presencial ou online)! Entre em contato!

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3 Comments

  • Reply Douglas 13/04/2018 at 12:45

    Adorei esse site. Tem muita informação de qualidade. Abraço

  • Reply Dirceu 14/04/2018 at 09:37

    Adorei esse site. Muito bonito o layout e muito conteudo de qualidade. Parabéns

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