O ideal de relacionamento por Plutão e Perséfone

Os mitos nos auxiliam a entender nossos sentimentos, personalidades, atitudes, e até mesmo a prever o futuro pela observação, seja da natureza humana ou observação dos astros. A Astrologia nos auxilia a entender melhor o que acontece em nossas vidas, qual o nosso caminho e ao quê estamos dispostos a escolher. Eis um diálogo que criei entre uma aluna e um professor (ou professora) sobre o Amor e o ideal de relacionamento, utilizando o exemplo da Mitologia Grega sobre Hades / Plutão e Perséfone / Proserpina, a fim de conseguirmos encontrar os nossos papéis em nossos relacionamentos. Saber quem somos direcionará o que queremos e o que atraímos em nossas vidas, inclusive no Amor. O professor inicia perguntando:

– Qual o seu ideal de relacionamento? O que você gostaria muito de ver realizado?

– Gostaria de um homem que me levasse para um outro mundo.

– Perséfone conheceu esse homem, Hades/ Plutão, ele literalmente a levou para um outro mundo.

– Nossa, mas era um submundo, o Reino dos mortos. A que preço?

– Quem disse que o Amor não abnega o mundo real e não se propõe a conhecer um novo mundo muito mais profundo que o mundo normal? Se entregar ao Amor, já fez isso?

– Mas Perséfone fez só porque foi raptada e aceitou comer da romã.

– Foi o preço do conhecimento do Amor, passou a enxergar Hades como ninguém jamais o enxergou. Ele deu a ela o Conhecimento que ninguém jamais teve acesso, além de outras riquezas. Ela foi amada, protegida e se tornou Senhora do Submundo. Veja só tudo o que o Amor foi capaz de dar a ela. Mas ela precisou sair de sua zona de conforto, o lugar mais seguro que ela conhecia, os braços da própria mãe .

– Precisamos realmente correr riscos para amar ou conhecer o que se pode dizer um Amor Verdadeiro?

– Estamos vivos, afinal. Ou você quer conhecer o Amor somente após a Morte? Algo precisa morrer ou ser deixado para trás se quiser viver o Amor. O que me faz voltar a te perguntar: se entregar ao Amor, você já fez isso?

– A romã devia estar enfeitiçada pra fazer Perséfone enxergar Hades do jeito dela que pudesse amá-lo.

– O Amor não faz isso? Eu prefiro a romã de Hades e enxergar a beleza oculta do outro. Esse relacionamento pode não durar toda uma vida, mas será um Amor intenso, profundo, que te revira do avesso, poderá fazer você conhecer o seu melhor e pior lado, mas ainda assim fazer você sentir que se entregou a alguém e que foi recíproco.

– Tô até com medo desse Amor aí. Esse Hades / Plutão é forte demais.

– Ele pode te curar da maneira mais transformadora que você pode conhecer. E o mérito será todo seu, mas será sem personagens, sem máscaras , sem algum tipo de padrão que você estabeleça como correto. Algo de você terá que morrer se quiser viver.

– Eu já me entreguei ao Amor. Mas… o outro foi quem não abdicou para se entregar.

– Olhe onde está o Plutão no mapa das pessoas e no seu mapa. Veja onde você pode romper todas as barreiras se quiser pagar aquele preço. Plutão não é um planeta do Amor, mas se quiser ver onde você terá que morrer e renascer para ser mais intensa e ter maior conexão, ele vai mostrar isso.

– Mas nem todos têm coragem em encarar Plutão.

– Sim, minha cara, nem todos. Algo muito importante: identifique se nos seus relacionamentos, você faz o papel de Plutão ou de Perséfone, ou de Afrodite, de Páris, por aí vai. Se você for Hades / Plutão, melhor ter uma romã em mãos e o outro deve ser, digamos, “salvo” como Perséfone. Mas, se você é quem deseja ser levada para um outro mundo, então decida qual papel tem que encenar e se o outro está disposto a oferecer o que você quer ou precisa.

– Acho que eu entendi. Então se eu for um Plutão, tenho que encontrar alguém Perséfone que aceite minha romã e me veja como eu realmente sou e ter meu próprio reino. É isso? Eu, uma mulher, terei que encontrar um homem que aceite ser resgatado da vida que leva?

– Que homem, em sua vã fragilidade de sua virilidade e masculinidade, enxerga e aceita que esteja vivendo uma condição tão cômoda que precisa abrir mão e mudar de vida e verdadeiramente conhecer um Amor de entrega e total cumplicidade?

– Eu não encontrei.

– Faz parte. Talvez porque você nunca tinha percebido antes o que precisava procurar porque não sabia quem era você nesse papel. Boa Sorte!

Carolicia

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